Nos últimos dias, os noticiários brasileiros registraram a aprovação de reajustes nos salários de gestores públicos e de profissionais do Judiciário da União. Enquanto essa parcela da população só tem a comemorar neste final de ano, para uma outra parte dos brasileiros resta a preocupação se o humilde reajuste de R$108 reais no salário mínimo será suficiente para colocar comida na mesa e pagar contas básicas.
Na última quarta-feira (21), por exemplo, o Senado aprovou um reajuste de 18% no salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O valor saíra de R$ 39.293,32 para R$ 46.366,19, com altas progressivas até 2024. Como a remuneração é o teto do funcionalismo público e serve de referência para salários de juízes e desembargadores, outras carreiras também receberão o reajuste. Levando em consideração todos os membros do Judiciário da União, o impacto no orçamento chegará a R$ 255 milhões.
Já na última terça-feira (20), deputados e senadores aprovaram um projeto que prevê um aumento de mais de 19% nos salários deles e de ministros de Estado, presidente e vice-presidente da República. Pelo decreto, os deputados, que atualmente ganham R$33 mil, terão aumentos gradativos, chegando a receber R$46 mil em 2026. A aprovação se deu em meio à votação relâmpago antes do recesso legislativo.
Enquanto isso, o salário mínimo sofreu um discreto reajuste com a aprovação do projeto de orçamento de 2023. O aumento será de cerca de 9%, saindo de R$ 1.212 para R$ 1.320 – humilde acréscimo quando comparado aos reajustes no Congresso e no Judiciário da União. A correção do valor do salário mínimo de 2023 considera variação estimada de 5,81% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), no período de janeiro a dezembro de 2022, acrescida de um ganho real em torno de 1,5%. A inflação também é a justificativa para o aumento no salários dos parlamentares e ministros do STF.
Os R$ 108 reais a mais que os brasileiros comuns começarão a receber em 2023 já têm destino certo. Segundo levantamento realizado pelo Dieese em setembro deste ano, alta nos preços dos alimentos que compõem a cesta básica chegou a superar 20% quando comparado aos últimos 12 meses. Em Salvador, por exemplo, a cesta básica custava em média R$ 550,67 – o que representa pouco mais de 40% do novo salário mínimo.
O Dieese apontou ainda que para comprar uma cesta básica e conseguir arcar com as contas mais básicas, como transporte, água, luz e aluguel, o trabalhador precisaria ganhar em novembro um salário mínimo de R$ 6.575,30, mas a realidade em 2023 será bem diferente para a classe trabalhadora.
Fonte Metro1