O Facebook vem realizando pesquisas de mercado nas últimas semanas para determinar se uma versão sem propagandas e paga através de assinaturas estimularia mais gente a entrar na rede social, segundo pessoas a par do assunto.
A empresa já havia estudado essa opção anteriormente, mas agora existe um impulso interno maior para concretizá-la por causa do recente escândalo do Facebook relativo à privacidade dos dados, disseram as pessoas. Os planos não são sólidos e talvez não avancem, de acordo com as pessoas, que pediram anonimato porque as discussões são privadas.
O Facebook preferiu não comentar a possibilidade de um serviço sem propagandas baseado em assinatura. O CEO Mark Zuckerberg e a diretora de operações Sheryl Sandberg passaram boa parte da conferência sobre os resultados do primeiro trimestre divulgando os benefícios da rede patrocinada por anúncios, que, segundo eles, possibilita que a empresa chegue à maioria das pessoas, em todos os níveis de renda. Mas esta não é a única maneira de administrar a companhia.
“Sem dúvida, pensamos em muitas outras formas de monetização, inclusive assinaturas, e sempre continuaremos considerando tudo”, disse Sandberg.
Durante seu depoimento no Congresso dos EUA no mês passado, Zuckerberg deixou a porta aberta para a opção da assinatura. “Sempre existirá uma versão do Facebook que seja gratuita”, disse ele.
Zuckerberg há muito tempo considera essa alternativa – não para substituir o modelo de negócios da rede social, mas para remover um motivo comum apontado pelas pessoas como causa para abandonar o serviço. A empresa gerou praticamente todos os seus US$ 41 bilhões em receita no ano passado com a venda de propagandas segmentadas com dados de usuários. Pesquisas internas da empresa nos últimos anos concluíram que os consumidores não seriam receptivos a uma opção de assinatura, porque considerariam o Facebook ganancioso ao pedir dinheiro por algo que a companhia afirmou que seria sempre gratuito, disseram as pessoas.
Agora, o Facebook acredita que o sentimento do consumidor pode estar mudando. A empresa enfrenta uma crise de confiança pública depois que um desenvolvedor forneceu informações pessoais de milhões de usuários do Facebook para a Cambridge Analytica, uma empresa de consultoria política que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump nos EUA em 2016. As notícias sobre o vazamento de dados geraram dúvidas sobre as informações que o Facebook coleta sobre as pessoas para as propagandas e sobre se os usuários são rastreados e segmentados de maneiras que eles não esperam ou não entendem.
A empresa, com sede em Menlo Park, na Califórnia, vem realizando uma ampla análise de seus negócios para identificar maneiras de eliminar possíveis falhas de segurança e, de forma mais geral, reconquistar a confiança dos usuários e melhorar sua experiência. A empresa tem sido receptiva a mudanças que um ano atrás seriam impensáveis, como classificar editores de notícias de acordo com a confiabilidade e permitir votar a favor ou contra comentários.
Os executivos também têm enfrentado perguntas difíceis dos funcionários, como, por exemplo, se o Facebook deveria oferecer propaganda política. Sandberg disse à Bloomberg News no mês passado que a rede social deve continuar aceitando anúncios políticos para promover a liberdade de expressão.
Fonte: Exame