Em geral, as crianças iniciam a vida escolar aos três ou quatro anos de idade mas, para a pequena Isla Santos, um bebê de 11 meses, livros, quadros e cadeiras são elementos de um ambiente mais que familiar: a sala de aula. Sem ter com quem deixar a filha para ir à escola, a mãe Lavínia não tem outra alternativa a não ser revezar a atenção entre a pequena e a lousa.
“Prefiro trazê-la do que deixar de vir para a escola. Não é fácil, fico cansada, estou na sala e às vezes preciso parar para dar mama, mas tenho força de vontade e me sinto muito acolhida aqui”, conta a estudante da Educação de Jovens e Adultos, Lavínia Santos.
Mãe aos 18 anos, Lavínia retomou os estudos este ano depois de ter cursado até o 6° ano do Ensino Fundamental. O seu maior objetivo é mudar de vida através da educação. “Eu decidi voltar a estudar porque quando a minha filha me perguntar algo, eu quero muito saber responder e quero um futuro melhor pra nós. Tudo isso é pensando nela”, pontua.
Um novo caminho com mais oportunidades é também o desejo de Sayonara Veríssimo. Aos 30 anos, ela decidiu retomar o plano de concluir os estudos e fazer uma faculdade, que precisou ser interrompido e há 15 anos aguardava uma nova chance. A dona de casa é mãe solo de quatro filhos: Raylla Isabel, Raynara, Raysllan Willian e Wallysson Raian. Na companhia dos dois últimos, ela vai à escola todos os dias.
“Preciso trazê-los, não tenho outra alternativa. Para trabalhar tenho que ter estudo e o meu sonho é me formar e mudar de vida. Eu me esforço todos os dias para isso. O cansaço e a falta de apoio às vezes mexem com a gente, mas, saber que os meus dois filhos podem estar aqui me deixa mais confortável e segura”, diz.
As duas mulheres são estudantes da Escola Municipal Professora Josenita Nery, no bairro Aviário. Assim como elas, outras tantas mães encontram na escola o suporte e acolhimento para continuar lutando pelo que almejam. A vice-diretora da unidade escolar, Lisandra Sampaio, explica como funciona a rotina de acolhimento às crianças.
“A gente propõe algumas atividades para os filhos que já são maiores e eu e alguns membros da equipe vamos monitorando e orientando e as mães vão para a sala para assistir as suas aulas. Quando são bem pequenos, eles ficam na sala com a mãe e ela mesmo administra, algumas dão mama na própria sala, outras saem e as aulas vão fluindo normalmente”, explica.
A vice-diretora destaca ainda a importância de acolher e dar o suporte que precisam. “Quando você acolhe essa mãe que teve que sair da sala de aula em outro momento por diversos motivos, você está dando uma oportunidade a ela de retomar os seus estudos e a escola pública é o espaço que cabe a qualquer pessoa que quer uma nova chance e quer ir em busca de algo melhor. Esse espaço aqui também é delas”, ressaltou.
Fonte Secom/PMFS