Um fisiculturista com síndrome de Down se prepara há 3 meses para uma competição, na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia. Aos 36 anos, Tiago Vieira Pinto concorrerá pela primeira vez a um título no esporte.
O concurso será realizado durante uma feira de nutrição esportiva, em Fortaleza (CE). Tiago vai competir no sábado (22). Não há registro de outro atleta como ele no país, segundo a Confederação Brasileira de Musculação, Fisiculturismo e Fitness (CBMFF).
De acordo com os treinadores de Tiago, a paixão pelo fisiculturismo surgiu depois que o atleta começou a frequentar a academia onde treina. No local, a curiosidade levou à dedicação.
“Tiago sempre foi muito curioso e observador. Então, ele ficava sempre aqui pela academia e queria fazer todos os aparelhos de uma vez. E a gente foi observando. E uma vez só que a gente corrigia um movimento ou outro ele passava a fazer com perfeição”, contou a treinadora e também fisiculturista Tamy Gonçalves.
Tiago mora com a família. Por conta da síndrome de Down, ele não desenvolveu bem a fala. No entanto, a condição não o impede de manter a rotina de treinamentos.
O atleta malha de domingo a domingo desde que ele e os treinadores decidiram participar da competição. Supervisionado por dois profissionais, Tiago exibe disposição e técnica durante o treinamento.
Com a determinação e a prática, os resultados, em apenas três meses de treino intensivo, já são bem visíveis. Isso porque, segundo o treinador de Tiago, Victor Farias, o atleta tem facilidade em ganhar massa muscular.
“Ele tem uma maturidade muscular muito boa. Tiago tem 36 anos, não é um garoto de 15 anos”, explica Victor Farias.
Além do bom condicionamento físico, a musculação também tem melhorado a condição de vida de Tiago. A irmã dele, Ilana Vieira, conta que, antes dos treinos, o atleta era inquieto e dormia tarde. No entanto, com o fisiculturismo, a rotina de Tiago mudou.
Síndrome de Down
A síndrome de Down não é uma doença, mas uma condição inerente à pessoa, portanto não se deve falar em tratamento ou cura. Essa condição está associada a algumas questões de saúde que devem ser observadas desde o nascimento da criança. O termo correto é criança com síndrome e criança comum (nunca falar em criança normal).
Ainda no útero, é possível realizar exames que podem detectar se o bebê apresenta síndrome de Down. Casais com síndrome tem 80% de chance de ter um filho também com síndrome. Se só um dos parceiros tiver a síndrome, a possibilidade de ter um filho com Down cai para 50%.
A síndrome de Down é causada pela presença de 3 cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. Isso ocorre na hora da concepção. As pessoas com síndrome de Down têm 47 cromossomos no núcleo das células em vez de 46, como é comum. O Brasil possui uma população de 350 mil pessoas com síndrome de Down, são 8 mil nascimentos por ano na proporção de 1 com síndrome a cada 750 nascidos.
Fonte: G1