Especialistas explicam que os efeitos serão variados entre regiões e municípios
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima suas projeções de crescimento para a economia brasileira, passando de 2% para 2,5% ao ano no médio prazo. Essa atualização foi divulgada no relatório anual do FMI sobre o Brasil, nesta quinta-feira (11).
Para o economista Marcelo Monteiro, consultor econômico da Remessa Online, a mudança nas perspectivas do FMI pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo impactos menos intensos das enchentes no Rio Grande do Sul e resultados positivos inesperados no setor de varejo.
“Saíram dados de varejo muito positivos, na comparação com que o mercado estava esperando. O mercado estava esperando queda no varejo e ele veio com um crescimento de 1,2%. Talvez tenha havido uma superestimação dos efeitos por parte dos economistas e o FMI deve ter incorporado esses impactos em suas projeções de crescimento”, explica Monteiro.
De acordo com o relatório, diversos fatores têm contribuído para esse desempenho positivo. Medidas como a reforma tributária focada no consumo e o plano de transformação ecológica são destacadas como impulsionadores significativos do crescimento econômico no médio prazo.
O FMI também enfatiza a importância de uma agenda voltada para o crescimento sustentável e inclusivo, bem como a implementação de reformas que promovam um ambiente de negócios mais favorável. Entre os marcos mencionados estão a redução do desmatamento, os avanços na criação da Taxonomia Sustentável Brasileira para padronização de práticas econômicas sustentáveis, a estruturação do mercado de carbono e a emissão bem-sucedida do primeiro título verde no mercado internacional.
Municípios
O conselheiro federal do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Eduardo Reis Araújo, ressalta que, embora a revisão para cima seja uma notícia positiva, os efeitos serão desiguais entre regiões e municípios.
“É uma notícia positiva, mas deve ser acompanhada de efeitos diferenciados para cada cidade. Lembrando que a projeção não significa que necessariamente vai acontecer. Cada município tem seu ‘dever de casa’ para se adaptar, especialmente às mudanças legislativas como a reforma tributária”, destaca Araújo.
Gelton Pinto Coelho, conselheiro do Conselho Regional de Economia de Minas Gerais (Corecon-MG), explica que o Brasil é um país marcado por desigualdades regionais e isso impacta diretamente os municípios.
“Nós temos municípios com alto desenvolvimento tecnológico e outros que não possuem essa especialização, digamos assim, em um país continental como o Brasil, não há crescimento homogêneo. Alguns municípios vão ter um crescimento maior, outros não vão conseguir aproveitar tanto. Mas é importante a gente perceber vários sinais que a economia brasileira está demonstrando”, pontua.
Coelho informa que em 2024 há uma demanda maior para o financiamento de veículos, mesmo que eles estejam acima do valor adequado.
“Isso mostra a positividade. Uma pessoa, para tomar a decisão de comprar um veículo, tem expectativa de que vai se manter no emprego ou com um certo padrão de renda, conseguindo pagar a parcela do financiamento”, completa.
Fonte: Brasil 61