O sonho de ser mãe da fotógrafa baiana Mel Paranhos surgiu há quatro anos quando ela ficou grávida da pequena Lis através de uma inseminação artificial caseira. Mel que é lésbica, escolheu a técnica caseira após buscar pela inseminação artificial em uma clínica e descobrir que o procedimento custava entre R$ 20 e 30 mil.
A inseminação caseira é feita todo em casa, o doador retira o sêmen, coloca em um vaso esterilizado – normalmente aqueles de fazer exames de urina – e com uma seringa, a mulher retira o sêmen para injetar no próprio corpo. O método, que é bastante polêmico, está sendo mais comentado pelas pessoas nas redes sociais, onde também há busca por conhecimento sobre o assunto.
O método é mais barato, mas também diferente da inseminação feita em uma clínica, onde sêmen coletado passa por um processo de separação dos espermatozoides com retirada de células imaturas e restos celulares, por exemplo. A mulher deve passar por exames e até tomar medicamentos para indução da ovulação, em seguida é marcada a colocação dos espermatozoides dentro do útero da mulher.
A inseminação caseira assim como a que é realizada em uma clínica precisa de um doador, que pode ser anônimo. No caso de Mel, ela descobriu que um amigo compartilhava do mesmo sonho dela de ter um filho e juntos, eles planejaram a técnica caseira. O amigo fez alguns exames, repetiu os testes meses depois e só então os dois decidiram fazer a inseminação.
“Ele comentou essa vontade de ser pai. Depois de tudo [exames e inseminação] surgiu Liz essa coisa linda aqui. A criança sente quando o amor é verdadeiro e vai construir sua personalidade através dessa educação, desse contato e do amor que vem dos cuidadores”, disse Mel.
Especialista
O especialista em reprodução humana, Joaquim Lopes, conta que o banco de sêmen usado nas clínicas torna o procedimento mais seguro do que a inseminação feita em casa.
“Esse homem passa por uma investigação prévia, ele estando isento de infecções e tendo uma qualidade seminal adequada, esse sêmen vai ser preparado”, explicou.
O sêmen doado é congelado e passa por exames até seis meses depois. Os testes servem para verificar por exemplo, se o doador tem algum doença.
Os doares nas clínicas são anônimos. A advogada Fernanda Barreto explica que essa é uma diferença importante em relação à inseminação caseira.
“Na doação caseira o doador, 99% dos casos é uma pessoa conhecida, mas você não tem como ter certeza de que no futuro não se vão reclamar direitos relativos sobre isso”, explicou.
A lei não diz nada sobre inseminação caseira. Nesse caso, o interesse da criança é o mais importante.
“Existe o risco de que essa criança queira saber de onde ela vem e até constituir um vínculo parental com este homem, se tornar filha para efeito jurídico, o que significa ter direitos a alimentos, a herança, a convivência, dentre vários direitos ligados ao poder familiar”, disse Fernanda Barreto.
No caso da fotógrafa Mel Paranhos, o amigo doador quis registrar Lis como pai. Os dois dividem a criação da menina.
Fonte: G1