“É um impulso natural de civilidade. Em alguns momentos da vida, me dediquei a aspectos dessa dimensão civil, no debate de ideias e ideologias. A gente precisa sempre estar mais contributivo”, afirmou o cantor e compositor Gilberto Gil, de 79 anos, na cerimônia de posse da cadeira número 20 da Academia Brasileira de Letras, a ABL, na noite desta sexta-feira (8).
Gil começou o discurso ressaltando que é o primeiro representante da música popular brasileira na ABL. “E aqui é um momento especial, porque a ABL é a casa de Machado de Assis, escritor universal e afrodescendente como eu” disse. “Poucas vezes artistas, produtores culturais foram hostilizados como agora. Há um movimento em prol da desrazão nas redes sociais e a ABL pode contribuir para esse debate civilizatório.”
E prosseguiu: “O que será do Brasil em meio a esse mundo de pandemias e guerras? O que os políticos estão fazendo para acabar com a fome e o analfabetismo? Quando vamos alcançar a independência tecnológica e científica? Até quando seremos o país do futuro de [Stefan] Zweig? Apesar dos tempos politicamente sombrios em que vivemos, aposto na esperança”.
Em novembro do ano passado, Gil havia sido eleito, após receber 21 votos na disputa com o poeta Salgado Maranhão (sete votos) e o escritor Ricardo Daunt (nenhum voto). Ministro da Cultura de 2003 a 2008, ele ocupará a vaga deixada pelo jornalista Murilo Melo Filho, morto em maio de 2020.
O poeta, filósofo e acadêmico Antonio Cicero, autor de sucessos da MPB, como “Virgem”, comentou a posse de um representante da música popular na ABL.
Fonte Bahia Notícias