O número de registros de inadimplentes subiu 0,3% em outubro contra o mês anterior, segundo dados dessazonalizados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. A variação na comparação mensal pode ter sido mais tímida, mas o indicador aponta alta de 3,0% no trimestre móvel encerrado em outubro, contra o trimestre móvel imediatamente anterior, também na série livre dos efeitos sazonais.
Na série de dados originais foi verificado, mais uma vez, forte avanço na comparação interanual, de 31,2%, e isso fez com que os resultados acumulados acelerassem. O aumento no número de registros passou de 16,3% para 17,6% no ano e de 15,3% para 16,7% em 12 meses.
“Já era esperado um avanço mais tímido do indicador na comparação mensal, mesmo assim, ele soma quatro avanços consecutivos e oito no ano. Na análise de longo prazo ainda observamos um crescimento acelerado e o indicador tem antecipado o movimento de alta na taxa de inadimplência das famílias. Apesar da melhora que temos visto nos números do mercado de trabalho, o aumento na contratação de linhas de crédito mais caras, junto ao aumento dos juros ao longo do ano, contribuiu para comprometer ainda mais a renda, que já sentia o impacto da inflação, e isso permitiu que a taxa de inadimplência voltasse a subir com um pouco mais de força esse ano. Sem contar que ela vinha de patamares historicamente baixos e até certo ponto artificiais. O que temos visto agora, em termos de inadimplência, é algo mais condizente ao cenário econômico, o que não se viu nos anos de 2020 e 2021”, avalia Flávio Calife, economista da Boa Vista.
Recuperação de Crédito do Consumidor
Já o Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista avançou 4,1% na comparação mensal e encerrou o trimestre móvel com crescimento de 4,2%, de acordo com dados dessazonalizados. Em relação ao mês de outubro do ano passado o indicador também registra variação expressiva, elevação de 26,2%, o que contribuiu para acelerar a alta nos resultados acumulados. No ano, o ritmo de crescimento passou de 11,1% para 12,8% entre os meses de setembro e outubro, enquanto no acumulado em 12 meses a alta atingiu 10,7%.
“Boa parte desse aumento no mês e nas análises acumuladas é reflexo do avanço que temos visto no fluxo de inadimplentes. As famílias têm buscado renegociar suas dívidas para se manterem livres de restrições de crédito, ainda mais num momento em que o crédito pode vir a facilitar algumas transações em meio a um período de forte sazonalidade para o varejo”, finaliza o economista da Boa Vista.
Metodologia
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas informados à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. A partir de janeiro de 2014, houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.
O indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir da quantidade de exclusões dos registros de dívidas vencidas e não pagas informados anteriormente à Boa Vista pelas empresas credoras. As séries têm como ano base a média de 2011 = 100 e passam por ajuste sazonal para avaliação da variação mensal. Em janeiro de 2014 houve atualização dos fatores sazonais e reelaboração das séries dessazonalizadas, utilizando o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau.
Fonte: Liliana Liberato e Lucas Menoita