A Justiça Federal do Distrito Federal recebeu, nesta sexta-feira (23), uma denúncia do Ministério Público Federal contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, pelo crime de organização criminosa. Além deles, passam a ser réus os ex-ministros da Fazenda Antonio Palocci e Guido Mantega, e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
O caso, que é conhecido como Quadrilhão do PT, começou a tramitar no Supremo Tribunal Federal em 2017. Só que foi enviado para a primeira instância depois dos acusados deixarem os cargos e perderem o foro privilegiado.
Segundo a acusação, com base nas provas documentais juntadas aos autos, os réus integravam uma organização criminosa e, por meio de condutas ligadas ao exercício de mandatos, cometeram diversos crimes contra a Administração Pública, além de lavagem de dinheiro relacionadas com o Ministério de Minas e Energia, Petrobras, Construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez, OAS e UTC, e J&F/BNDES.
De acordo com o MPF, de 2002 até maio de 2016, Lula foi uma importante liderança, seja porque foi um dos responsáveis pela constituição da organização e pelo desenho do sistema de arrecadação de propina, seja porque, na qualidade de presidente da República por oito anos, atuou diretamente na nomeação de cargos públicos, com o objetivo de ter apoio político necessário junto ao PP e ao PMDB, para que seus interesses e do seu grupo político fossem acolhidos no âmbito do Congresso Nacional.
O cientista político Eduardo Grinn afirma que, agora, o PT vai ter ainda mais dificuldades de se afastar das acusações que envolvem problemas de corrupção.
“Para o Lula, em especial, isso cria um cenário ainda muito mais difícil no que se diz respeito a um eventual perdão da sua pena. Do ponto de vista político, vai evidenciando que o PT seguirá tendo muita dificuldade de se afastar ou de associar-se das acusações que envolvem problemas de corrupção e pode ser que tenha impacto, inclusive, na relação que o PT vai ter com os demais partidos no Congresso, mas também pelo desgaste político, já pensando nas eleições municipais de 2020.”
Os políticos foram acusados pelo MPF de praticar uma quantidade grande e indeterminada de delitos, somando R$ 1,4 bilhão em desvio de recursos dos cofres públicos.
Fonte: Cintia Moreira