“Nos anos anteriores, as matrículas sempre foram feitas logo no primeiro momento disponibilizado pela escola. Costumo me organizar durante o ano para pagar a anuidade e garantir um desconto maior. Porém, eu só vou matricular meus filhos, quando as aulas voltarem a ser presenciais”. A decisão da servidora pública Higina Amoedo – Mãe de Bruna, de 8 anos, e Rafael de 5 anos – de não efetivar a matrícula para o ano que vem, tem a ver com as incertezas causadas pela pandemia:
“Conversando com alguns amigos de fora da Bahia que fizeram isso, vi que estava sendo uma prática comum, em São Paulo, para cumprir a obrigatoriedade. Como eu tenho a perspectiva de que as coisas voltem ao normal ano que vem, eu não penso mais nessa possibilidade”.
Assim como Higina, outros pais estão retardando esse processo, o que preocupa as instituições privadas de ensino baianas. No período em que a rede particular caminharia para a confirmação de 40% das matrículas de 2021, a média está em 15% a 20% — ou seja, menos da metade do esperado — quando comparado ao mês de novembro do ano passado.
A estimativa é do Sindicato das Escolas Particulares do Estado da Bahia (Sinepe-BA) que está apreensivo com a demora dos pais em confirmar as matrículas.
Para ele, a falta de uma posição do poder público sobre a liberação das aulas presenciais é a principal razão do atraso no movimento tanto de novas matrículas como de renovações. “Só na semana passada, 17 escolas comunicaram o encerramento. Já é difícil dizer aos professores que não haverá 13º e ainda chegar agora no fim do ano e dizer que a escola vai fechar? O retorno, em novembro, para todos os níveis, é fundamental”.
As escolas estão fechadas, pela pandemia, desde o mês de março. Tadeu acrescenta que a demora na reabertura vai custar muitos empregos. “A expectativa é que com o retorno facultativo e alternado para os alunos, tenhamos uma grande oportunidade de ‘ensaiar’ o funcionamento em fevereiro de 2021”, defende.
O cenário também chama a atenção das instituições que integram o Grupo de Valorização da Educação (GVE), que reúne 80 escolas da capital e Região Metropolitana. De acordo com representante do coletivo, Wilson Abdon, as matrículas na educação infantil são as mais afetadas.
“A indefinição sobre a volta às aulas atrapalha muito as matrículas de educação infantil, principalmente. Mesmo nas séries maiores, os pais querem ter certeza de como serão essas aulas em 2021”, afirma.
Fonte Correio 24H