A farmacêutica Moderna anunciou ter iniciado os testes em seres humanos de uma vacina contra o vírus da imunodeficiência humana (HIV). A vacina utilizada a tecnologia do RNA mensageiro, a mesma usada pela farmacêutica americana na concepção dos imunizantes contra a covid-19.
O desenvolvimento da vacina está sendo executado pela Moderna em parceria com a Iniciativa Internacional para a Vacina da Aids (Iavi), o instituto de pesquisa Scripps Research Institute e o Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos EUA. A Fundação Bill & Melinda Gates também está envolvida no projeto.
A etapa inicial do ensaio clínico está sendo realizada nos Estados Unidos e conta com a participação de 56 voluntários que não são portadores do HIV. A farmacêutica explicou que haverá três tipos de testes: 48 voluntários receberão uma ou duas doses da vacina – e destes, 32 terão uma dose extra e reforçada da fórmula. Os oito voluntários restantes receberão apenas a dose reforçada.
Com as diferentes aplicações, os pesquisadores querem analisar a segurança da vacina em distintas dosagens, além de avaliar a resposta imunológica entre estas diferentes dosagens. Os primeiros participantes já receberam suas doses na Escola de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade George Washington. Nesta primeira fase, os voluntários serão monitorados por seis meses.
Apesar de quatro décadas de pesquisa, os cientistas ainda não conseguiram desenvolver um imunizante capaz de proteger do vírus que causa a aids, doença que anualmente mata centenas de milhares, em todo o mundo. Estima-se que o total de soropositivos chegue a 38 milhões.
Mesma tecnologia das vacinas contra covid-19
A vacina da Moderna contra o HIV utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, a qual vem sendo estudada desde o início da década de 1990 e teve sua estreia prática na aplicação de imunizantes contra a covid-19.
A tecnologia do mRNA ensina as células do corpo a produzirem proteínas que causam reação do sistema imunológico. No caso da vacina contra o HIV, o objetivo é estimular a produção de “anticorpos amplamente neutralizantes” (bnAbs), que podem atuar contra as muitas variantes do HIV existentes.
Em teoria, a vacina ensina os linfócitos B do sistema imunológico a gerarem esse anticorpo. “A indução de bnAbs é considerada um objetivo da vacinação contra o HIV, e este é o primeiro passo nesse processo”, declararam a Moderna e a Iavi, em comunicado conjunto.
Tremendamente entusiasmados”
Num primeiro teste, em 2021, analisou-se um imunógeno, mas sem empregar a tecnologia do mRNA, com a resposta imunológica desejada sendo desencadeada em dezenas de participantes da pesquisa. O passo seguinte foi combinar o imunógeno à tecnologia de RNA mensageiro.
“Dada a velocidade com que as vacinas de mRNA podem ser produzidas, esta plataforma oferece uma abordagem mais ágil e receptiva ao design e teste de vacinas”, segundo o comunicado da Moderna e da Iavi.
“A busca por uma vacina contra o HIV tem sido longa e desafiadora, e ter novas ferramentas em termos de imunógenos e plataformas pode ser a chave para progredir rapidamente em direção a uma vacina eficaz e urgentemente necessária”, disse Mark Feinberg, presidente-executivo da Iavi. “Estamos tremendamente entusiasmados por avançar nesta nova direção no projeto de vacinas contra o HIV.”
Fonte: dw.com/MSN