O Ministério Público de Goiás (MPGO) instaurou força-tarefa e vai coletar depoimentos e investigar as acusações de abuso sexual contra o médium João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus. Quatro promotores e duas psicólogas vão acompanhar os depoimentos.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (10), o grupo de promotores destacou que relatos de vítimas podem ser provas suficientes para embasar uma investigação e condenar os acusados de crimes sexuais.
João de Deus, de 76 anos, faz atendimento na Casa Dom Inácio de Loiola, em Abadiânia (GO). O local recebe cerca de 10 mil visitantes por mês. Pessoas que relataram ter sofrido violência sexual praticada pelo médium também procuraram a Promotoria em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
O promotor e coordenador adjunto do Centro de Apoio Operacional (CAO) Criminal do MP de Goiás, Luciano Miranda Meireles, destaca que vítimas de outros de estados podem fazer a denúncia no próprio estado onde residem.
“Sabemos, inclusive, que há vítimas do Brasil inteiro e fora do país. Então vai ser comum que vítimas do Rio Grande do Sul, vítimas de São Paulo apareçam. Não será necessário que elas venham até Goiás ou que venham até Abadiânia. Elas podem prestar depoimento no Ministério Público local. Procure um Promotor de Justiça da localidade. Já há uma coordenação nacional entre Promotores de Justiça do Brasil inteiro. Estamos em contato com promotores do Brasil inteiro”.
O Ministério Público de Goiás criou um e-mail específico para denúncias de abuso sexual – é o [email protected]. Ele é sigiloso e acessado apenas por integrantes da força-tarefa.
João de Deus já sofreu dois processos por conotação sexual. Em um deles foi inocentado e o outro foi arquivado por falta de provas. Segundo a promotoria, o processo arquivado pode ser reaberto caso surjam novas provas relacionadas a ele.
As denúncias contra o médium ganharam repercussão nacional após o programa “Conversa com Bial”, da TV Globo, revelar o relato de 13 mulheres que afirmam terem sido abusadas sexualmente por João de Deus. De acordo com a Polícia Civil de Goiás, foram 25 denúncias apenas no último fim de semana.
Pelos depoimentos ouvidos até agora pelo Ministério Público, o médium pode ter cometido três crimes diferentes: violação sexual mediante fraude, com pena de até seis anos; estupro, mediante violência ou qualquer ato libidinoso, com pena até dez anos; e estupro de vulnerável, com pena de até 15 anos. Se condenado, João de Deus pode pegar até 31 anos de prisão.
A assessoria de imprensa de João de Deus nega as acusações e enfatiza que os depoimentos são falsos e fantasiosos. A nota diz ainda que o médium atende milhares de pessoas em Abadiânia há mais de quatro décadas, praticando o bem por meio de tratamentos espirituais.
Reportagem, Thiago Marcolini