A literatura de cordel é um dos patrimônios culturais brasileiros. As rimas impressas nos tradicionais folhetins têm espaço garantido na Feira do Livro de Feira de Santana (Flifs), que termina neste domingo (29). Na estrutura da Feira, a Praça do Cordel, que este ano homenageou Rodolfo Cavalcante, tem cadeira cativa. Durante os seis dias de evento, a literatura popular protagonizou mesas de conversa, palestras e apresentações culturais.
No cenário cordelista, os homens ainda são maioria, contudo, as mulheres estão abrindo caminhos para também disseminarem seus escritos literários. Nos últimos anos, a Flifs têm contado com a presença de mulheres cordelistas, que encontram no evento, a oportunidade de saírem do anonimato e contarem suas histórias.
É o caso da Mestre Janete Lainha, natural de Ilhéus. Ela começou a escrever cordel aos 7 anos e nunca mais parou, hoje já passa dos 500 livros publicados, entre eles “ Sou Negra”, no qual expressas as dores e belezas de ser negra. Janete conta que as mulheres sempre escreveram cordéis, mas muitas vezes se escondiam atrás de pseudônimos, fugindo dos possíveis preconceitos. “Hoje em dia, as mulheres estão conquistando seu espaço e mostrando que são dignas de serem escutadas”, disse.
Izabel Nascimento que também esteve presente na Flifs, nasceu em Sergipe, e começou a escrever cedo, influenciada pelos pais que também são cordelistas. Atualmente é presidente da Academia Sergipana de Cordel e conta que por causa da vivência familiar, só passou a perceber as dificuldades de ser mulher e escrever cordéis, quando começou a expor seus livros. “É necessário fortalecer os movimentos coletivos de mulheres, tanto na escrita quanto em outros âmbitos para que a gente entenda que nós não queremos escrever para ser mais do que os homens, nós queremos escrever para ter os mesmos espaços, os mesmos direitos e a mesma voz”, ressaltou.
Este ano a Praça do Cordel da Flifs reuniu 13 cordelistas, 3 repentistas, 1 xilógrafo, 1 editora de literatura de cordel, 1 crítico de literatura de cordel e 1 violeiro. A Feira do Livro é realizada pela Uefs em parceria com a Prefeitura de Feira de Santana, o Sesc, Governo do Estado e Arquidiocese de Feira de Santana.
Assessoria de Comunicação Social da Uefs