Com postura cortês mesmo na relação com adversários políticos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC) desfaz, na vida real da Câmara Municipal do Rio, a imagem de “pitbull” virtual das redes sociais, que ataca até aliados do pai, o presidente Jair Bolsonaro.
Após protagonizar uma crise no governo federal que resultou na demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência, o filho “Zero Dois” voltou com discrição e serenidade ao trabalho na semana passada, após 45 dias de recesso. Eleitores bolsonaristas têm cobrado que ele atue mais nas discussões do município, como autoriza o seu mandato, e menos nas questões que envolvem o Planalto, sob o comando do pai.
Carlos não discursou nenhuma vez na tribuna nos quatro dias de atividades do plenário da Casa – em geral, fala pouco -, mas fez posts no Twitter comentando proposições que estavam na ordem do dia do Legislativo municipal. Uma de suas primeiras iniciativas após voltar foi abrir mão da liderança de seu partido – cargo destinado geralmente ao vereador que teve mais votos e permite, por exemplo, maior tempo para falar sobre projetos de lei. A liderança foi ocupada pelo novato Major Elitusalem, suplente do agora vice-governador Cláudio Castro (PSC), eleito em outubro.
Aparentando impaciência, Carlos permaneceu poucos minutos no plenário, onde quase todo o tempo falava ao telefone celular ou olhava a tela do aparelho. Interrompia essa postura quando colegas, de diferentes partidos, o abordavam para cumprimentá-lo ou trocar cochichos. Saía, porém, com frequência: ia ao seu gabinete ou para uma sala anexa, para conversar longe de olhares indiscretos.
Em sua volta, Carlos tratou educadamente todos os que se aproximaram. Um deles, o vereador Tarcísio Motta (PSOL), lhe deu um “tapinha” nas costas e conseguiu que assinasse proposta de uma CPI para investigar possíveis falhas da prefeitura nas enchentes mais recentes que atingiram o Rio.
O vereador de 36 anos também assinou um requerimento do vereador Jimmy Pereira, do PRTB, para homenagear o vice-presidente Hamilton Mourão.
Sob as roupas sóbrias que o filho do presidente usava para circular pela Casa – com escolta de seguranças da Câmara Municipal e policiais federais -, era possível perceber que usava colete à prova de balas.
Quando o vereador está na Câmara, pelo menos dois guarda-costas ficam no corredor do nono andar, em frente à porta de seu gabinete. Só pessoas autorizadas podem entrar. Carlos toma essas medidas de proteção desde o atentado contra o pai durante a campanha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.