“Aprende quem ensina”. O lema do NEOJIBA, programa da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS), foi aplicado, na prática, na tarde desta quarta-feira (23), a 39 alunos da Escola Municipal Pirajá da Silva, no bairro da Lapinha, em Salvador.
Uma das multiplicadoras do conhecimento no espaço é Bruna Beatriz Carvalho, 16 anos, integrante do NEOJIBA há quase nove anos e que, há dois, faz parte da Orquestra Juvenil da Bahia como violinista. Através do Projeto Músicos Multiplicadores (Promulti) do programa, Bruna resolveu repassar tudo o que aprendeu no bairro onde mora e, especificamente, na escola onde estudou, do 6º ao 9º ano, junto aos colegas de orquestra e instrumento, Gabriel Nascimento, 22, Shirley Casais, 20, e mais cinco jovens do grupo.
Por duas vezes no mês, ela e os companheiros ensinam iniciação musical, ritmo corporal, figuração rítmica, escalas musicais e leitura de partituras nas aulas cedidas pela coordenação da escola, geralmente de Artes ou Educação Física, mesmo sem a utilização de instrumentos musicais. O projeto, que acontece há dois anos na Pirajá da Silva, já contemplou inúmeras turmas, mas, este ano, está focado no 6º ano C da escola, para crianças e adolescentes de 11 a 14 anos.
“Esse projeto tem dois significados: compartilhar o que a gente aprende no NEOJIBA com as comunidades e mostrar outra realidade, para que eles absorvam a formação e cresçam como seres humanos. Muitas vezes, somos privados do conhecimento e afastados da arte, e, com o Promulti, a gente traz uma nova visão de vida, da música e outras expectativas”, comentou a jovem.
Segundo Ana Vilas Boas, coordenadora do NEOJIBA na SJDHDS, o Promulti acaba estimulando os integrantes a compartilharem a experiência com a comunidade onde vivem. “É um retorno, resgate de vínculos, para que haja absorção do aprendizado, valorização dos jovens e da população onde eles atuam. É uma maneira de consolidar o sentimento de pertencimento dos dois lados”, afirmou.
Professor de Educação Física e vice-diretor da escola no turno da tarde, Luís Carlos transborda orgulho ao falar de Bruna, sua ex-aluna, que, mesmo tendo estudado há anos no colégio, tem o nome estampado numa faixa na entrada da escola. “Sempre disse a ela que ela tem uma estrela dentro de si. Um dia, numa apresentação da escola, ela tocou violino e todo mundo ficou encantado. Não sabíamos que ela era do NEOJIBA na época”, relembrou.
Quanto ao projeto no ambiente escolar, Luís foi um dos professores a receber a ação de braços abertos. “É uma alegria complementar para a gente ter um projeto dessa envergadura na nossa comunidade porque tira esses meninos da rua. Vemos muitos deles passar, empoderados, com os instrumentos nos ombros”, falou o professor, se referindo também à proximidade da escola com o Parque do Queimado, atual sede do NEOJIBA inaugurada este ano.
Além de mudar sua antiga escola, Bruna diz se sentir contente com a vinda da sede do programa para perto do seu bairro, pois isto também é um fator de mudança para a região. “Quando a gente ia num concerto, só víamos pessoas ricas e o Parque abriu as portas para quem quiser ir. É uma transformação”, finalizou.
Fonte: Ascom SJDHDS