A participação de pretos ou pardos entre os mais ricos chegou a 73,5% na Bahia, a maior do país e o patamar mais alto desde 2012, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações foram coletadas durante o ano de 2018.
A partir de informações do IBGE, sobretudo da PNAD Contínua, e de outras instituições, a SIS aborda as desigualdades de gênero, cor ou raça e grupos de idade no mercado de trabalho, traz informações sobre distribuição de renda, situação de pobreza e sobre a educação no país.
No ano passado, os baianos que se declaravam de cor preta ou parda eram pouco mais de 7 em cada 10 entre aqueles com maior renda no estado — representavam 73,5% dos que tinham os 10% maiores rendimentos domiciliares per capita, que é a soma de todos os rendimentos do domicílio (salários e outras fontes) dividida pelo número total de moradores. O que significa que eram 509 mil das 692 mil pessoas com renda domiciliar per capita média de R$ 3.588, no estado.
A participação dos pretos ou pardos entre aqueles com maior renda domiciliar per capita aumentou se comparado a 2017, quando o índice registrado foi de 63,3%.
No Brasil, em 2018, os pretos ou pardos eram 27,7% das pessoas com os 10% maiores rendimentos domiciliares per capita – também a maior participação da série histórica.
Apesar de terem aumentado sua presença entre os mais ricos, os pretos ou pardos baianos ainda eram sub-representados nesse grupo, ou seja, tinham uma participação entre os 10% com maiores rendimentos (73,5%) menor do que na população total (81,1%), diz o IBGE. Essa sub-representação era uma realidade em todos os estados brasileiros e no país como um todo.
Na Bahia, porém, a diferença entre a participação dos pretos ou pardos no total da população (81,1%) e no grupo dos mais ricos (73,5%) caiu a seu menor nível desde 2012 e também era, em 2018, a menor do Brasil (-7,5 pontos percentuais).
Depois da Bahia, o estado menos desigual nessa comparação era Santa Catarina, onde pretos ou pardos representavam 19,6% da população em geral e 10,7% das pessoas com os 10% maiores rendimentos domiciliares per capita (-8,9 pontos percentuais). Sergipe ficava em terceiro lugar, com uma diferença de 11,1 pontos percentuais (os pretos ou pardos representavam 79,7% da população em geral e 68,6%.
No polo oposto, o Rio de Janeiro era o estado mais desigual: enquanto os pretos ou pardos representavam 54,2% da população total, eram apenas 25,1% entre os que tinham os 10% maiores rendimentos domiciliares per capita. Mato Grosso do Sul (53,7% e 27,8% respectivamente) e Minas Gerais (60,0% e 34,5% respectivamente) vinham em seguida.
Pobreza e extrema pobreza
Em 2018, o percentual de pessoas abaixo da linha de pobreza voltou a recuar tanto na Bahia quanto em Salvador e no Brasil, após ter aumentado por três anos seguidos (2015, 2016 e 2017). Embora tenha a 4ª maior população do país, o levantamento aponta que a Bahia é o estado com os maiores números absolutos de pessoas pobres (6,3 milhões) e extremamente pobres (1,9 milhão) no Brasil. Em termos percentuais (42,9%), tinha em 2018 a sétima maior proporção de pobres do Brasil.
No ano passado, 4 em cada 10 baianos (42,9%), 1 em cada 5 soteropolitanos (22,3%) e 1 em cada 4 brasileiros (25,3%) viviam nessa condição, ou seja com renda de R$ 413 mensais. Viviam com menos que isso 6,3 milhões de baianos e 637 mil soteropolitanos.
Salvador é a capital brasileira com a quarta maior população abaixo da linha de pobreza (e também a quarta maior população total), ficando com o 15º maior percentual de pobres.
No mesmo ano, 13,0% da população baiana viviam na extrema pobreza, ou seja, ganhando menos de R$ 143, o que correspondia a 1,9 milhão de pessoas. O estado se manteve, assim, com o maior contingente de pessoas em extrema pobreza do país, e o sétimo maior percentual.
Em Salvador, 4,3% da população da cidade vivia abaixo da linha de extrema pobreza em 2018, o que equivalia a 124 mil pessoas. Era o 5º maior número absoluto e o 14º maior percentual entre as 27 capitais. Houve uma importante redução nessa proporção em relação a 2017, quando 7,0% dos soteropolitanos viviam na extrema pobreza (199 mil pessoas).
Tanto na Bahia, quanto em Salvador e no Brasil, o percentual de pobres caiu em 2018 pela primeira vez depois de três anos de crescimento.
Fonte: G1/BA