O Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi vaiado pelos participantes da Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudança do Clima, realizada em Salvador, nesta quarta-feira (21).
Os protestos ocorreram quando a cerimonialista do evento o convidou para subir ao palco.
Além das vaias, alguns participantes da Semana do Clima exibiram cartazes, com frases como: “Floresta em pé, fac-símile no chão” e “Mata Atlântica resiste”.
Um pequeno número de pessoas aplaudiu o ministro do Meio Ambiente.
Antes de ser chamado ao palco do evento, o ministro afirmou que fará uma vistoria, nesta tarde, em um região de queimadas na Amazônia.
“Depois do almoço, vamos diretamente para a Amazônia fazer uma vistoria in loco junto com o governo do Mato Grosso, que é onde vem ocorrendo a maior quantidade dos pontos de queimada. É uma situação realmente preocupante, agravada pelo clima seco, pelo calor. Nós vamos atuar, tanto o ICMBio quanto o Ibama estão com todas as suas equipes de brigadistas, equipamentos, aeronaves e recursos disponíveis para apoiar os governos dos estados nesse combate às queimadas”, afirmou Ricardo Salles.
Este é o terceiro dia do evento que segue até sexta-feira (23) e reúne participantes de 26 países.
Nesta quarta, o evento também conta com a presença do ex-ministro do Meio Ambiente do Peru e líder da ONG ambiental “World Wide Fund for Nature (WWF), Manuel Pulgar Vidal, do coordenador residente das Nações Unidas Niky Fabiancic e do diretor sênior de Política e Programa de Mudanças Climáticas da ONU, Martin Frick.
Decisões de Ricardo Salles
Organizado pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o evento foi alvo de polêmica três meses antes de sua realização, após o ministro anunciar o cancelamento da semana e, em seguida, voltar atrás.
Na época, Ricardo Salles falou que “não fazia sentido” o Brasil sediar um encontro para preparar a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (Cop 25), que não vai mais acontecer no Brasil.
Para Salles, sem a Cop 25, manter o encontro em Salvador seria uma “oportunidade” apenas para a turma “fazer turismo em Salvador” e “comer acarajé”.
“Vou manter um encontro que vai preparar um outro, que não vai acontecer mais no Brasil, por quê? Não faz o menor sentido, vai para o Chile! Vou fazer uma reunião para a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador? Comer acarajé?”, afirmou.
Perguntado quem seria a ‘turma”, ele disse: “sei lá, o pessoal de sempre”.
Na época, o ministro havia dito que o cancelamento se daria porque o Brasil já havia desistido de sediar a Conferência do Clima da ONU, a COP 25, que ocorrerá em dezembro e foi transferida para o Chile.
Cinco dias após o anúncio do cancelamento da Semana do Clima da América Latina e do Caribe, o Ministério do Meio Ambiente voltou atrás e anunciou que participaria do evento em Salvador.