A maior parte dos trabalhadores brasileiros que recebem seguro-desemprego só consegue manter o mesmo padrão de vida que tinham antes de serem demitidos por dois meses e meio, segundo cálculos de economistas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), feitos a pedido do jornal O Estado de São Paulo.
Caso o trabalhador tenha sido demitido sem justa causa, ele tem direito a receber uma multa sobre os 40% dos recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), além de poder sacar o dinheiro guardado do FGTS. Esses recursos, somados ao seguro-desemprego, poderiam prolongar o sustento da família por quatro meses, segundo a Fipe.
Como a maioria das pessoas costuma cortar os gastos quando perde o emprego, esse colchão acumulado até poderia chegar a cinco meses.
Dados do Ministério do Trabalho apontam que, até agosto, a maior parte dos trabalhadores que estavam cadastrados no seguro-desemprego recebia entre 1,5 e 2 salários mínimos – uma faixa de renda que vai de R$ 1.431 a R$ 1.908. A maioria dos beneficiários também era de homens e tinha o ensino médio completo.
O economista da instituição, Eduardo Zylberstajn, lembra que, em épocas normais de desemprego, o seguro ajuda a garantir a sobrevivência das famílias por um período razoável. Só que, com a recessão, os brasileiros ficaram desempregados por um período mais longo, o que obrigou o trabalhador a cair na informalidade até encontrar uma nova vaga.
Levantamento da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade), em parceria com o Dieese, ligado aos sindicatos, apontava no primeiro semestre que um trabalhador da Grande São Paulo levava, em média, 47 semanas – pouco menos de um ano – procurando qualquer oportunidade de emprego, formal ou informal. Esse é o dobro do tempo que se levava para voltar ao mercado antes da recessão.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, a taxa de desocupação no País ficou em 11,6% nos trimestre móvel encerrado em novembro. O porcentual é o mais baixo desde junho de 2016, mas ainda assim representa mais de 12 milhões de brasileiros desempregados.