A greve dos caminhoneiros tem afetado todo o país em escalas distintas. A falta de abastecimento em alguns mercados, a falta de gasolina nos postos e o cancelamento de voos são alguns dos reflexos da paralisação que chegou ao seu oitavo dia consecutivo nesta segunda-feira (28). Um dos setores que mais tem sofrido com a greve é o do agronegócio. Dependente em grande parte da malha rodoviária, a produção está travada nas principais estradas do país e gera prejuízos significativos.
Em uma carta aberta divulgada neste domingo (27), a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade que representa os setores de aves e suínos, divulgou que mais de 64 milhões de aves morreram por conta dos sete primeiros dias de paralisação.
Segundo a ABPA, um bilhão de aves e 20 milhões de suínos têm recebido alimentação abaixo do ideal, o que pode gerar, em alguns casos, riscos de canibalização entre os animais.
Os produtores estão tendo que sacrificar os animais para cumprir as regras sanitárias estabelecidas no Brasil e recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.
A entidade também contabiliza que 167 unidades frigoríficas paralisaram suas atividades e mais de 230 mil trabalhadores tiveram suas rotinas suspensas. A estimativa é que cerca de 100 mil toneladas de carne de aves e suínos já deixaram de ser importados, um prejuízo estimado em US$ 350 milhões.
Já a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) manifestou apoio aos caminhoneiros, apesar dos prejuízos que a paralisação pode trazer ao setor de grãos. De acordo com levantamento feito pela entidade, junto a produtores de diversos estados, o impacto do aumento do diesel pode superar os R$ 3 bilhões nos últimos 90 dias quando se leva em consideração o custo do insumo por hectare cultivado.
A Aprosoja afirmou ainda que a prática de reajustes são insustentáveis ao setor e ressalta que a soja e o milho são a base de outras culturas, como a produção de carne, leites e ovos, por exemplo. Um levantamento da própria entidade mostra que os gastos com transportes representam algo em torno de 30% de todo o preço final do produto.
Outra entidade que se posicionou por conta das paralisações foi a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em nota, a entidade reconhece que a reivindicação é correta, mas alerta que o cenário está se tornando insustentável.
Fonte: Raphael Costa