O Laboratório de Diagnóstico Molecular da COVID-19, instalado pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no Centro de Ciências da Saúde (CCS), em Santo Antônio de Jesus, está concluso com o conjunto de equipamentos e insumos necessários ao seu funcionamento, devidamente implementados.
A inauguração do Laboratório vai acontecer no próximo dia 05 de abril (segunda-feira), às 15h, com transmissão pela TV UFRB.
Nele serão realizados testes de diagnóstico por RT-qPCR, considerado uma técnica padrão ouro para o diagnóstico da COVID-19, de acordo com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS) assim como serão realizados estudos de Vigilância Genômica e Epidemiologia Molecular. O Laboratório poderá, após implantação plena e com capacidade máxima, realizar testes clínicos de até cento e cinquenta amostras diárias.
Todas as etapas para a instalação do Laboratório, apesar da excessiva burocracia estatal, foram realizadas em tempo recorde com obtenção de Alvará Sanitário, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e habilitação junto ao LACEN/BA. Outro entrave encontrado foram as compras de equipamentos e insumos, escassos e disputados pelo mundo inteiro, durante a pandemia do novo coronavírus. A informação é do coordenador do Laboratório de Diagnóstico Molecular da COVID-19, professor doutor em Doenças Infecciosas, Fernando Vicentini.
Para agilizar a implantação do Laboratório, a UFRB ampliou e adaptou a estrutura do Laboratório de Virologia que já existia na instituição em Santo Antônio de Jesus. Esse Laboratório já atuava na realização de projetos de pesquisa e extensão em diarreias virais e HPV, o papilomavírus humano, infecção sexualmente transmissível em homens e mulheres.
Entre os equipamentos especializados que a UFRB adquiriu estão: Extrator automatizado de RNA e DNA (sistema automatizado que realiza procedimento utilizando micropartículas magnéticas); cabines de segurança biológica (usadas como contenção primária no trabalho com agentes de risco biológico, minimizando a exposição do operador, do produto e do ambiente); Quantificador de DNA tipo Nanodrop (equipamento que quantifica a concentração de DNA, RNA e proteínas nas amostras); Centrífugas refrigeradas (utilizada em pesquisas clínicas, engenharia genética, microbiologia, hospitais, bancos de sangue ou onde necessite manter a temperatura controlada), microcentrífugas (tem como principal função separar as amostras) e de placas; conjuntos de micropipetas automáticas (cuja principal funcionalidade é realizar a medição de líquidos com precisão), bloco térmico digital entre outros.
O Laboratório tem ainda termociclador em tempo real (que é usado na rotina de laboratórios para fazer milhões ou bilhões de cópias de DNA que são de interesse do pesquisador. Essa técnica pode ser aplicada na identificação genética, análises clínicas, diagnóstico de doenças, entre outras), que foi emprestado do Centro de Ciências Agrárias, Ambientais e Biológicas (CCAAB) da UFRB. Em produtos consumíveis, a UFRB adquiriu Equipamentos de Proteção Individual (EPI´s) e reagentes.
Com esses equipamentos e insumos a equipe do Laboratório pode “extrair o ácido nucléico de qualquer vírus e de todos os seres vivos e pode-se realizar a técnica do diagnóstico molecular da COVID-19, a partir da técnica de PCR em tempo real”, explica o professor e pesquisador Fernando Vicentini.
O Laboratório também tem a capacidade de purificar e quantificar o material genético viral e encaminhar aos laboratórios parceiros para realizar o sequenciamento genético. “São técnicas necessárias para diagnóstico e análise da evolução viral”, diz Vicentini. “Elas se complementam as técnicas que já fazíamos como a eletroforese em gel de poliacrilamida para vírus de RNA fita dupla e PCR convencional”. A eletroforese em gel de poliacrilamida é uma técnica amplamente utilizada em bioquímica, química forense, genética, biologia molecular e biotecnologia para separar macromoléculas biológicas, geralmente proteínas ou ácidos nucleicos, de acordo com sua mobilidade eletroforética técnica de separação que se baseia no princípio de migração de íons em um campo elétrico).
Parcerias institucionais
O Laboratório de Diagnóstico Molecular da COVID-19, em parceria com a equipe de pesquisadores do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz/BA), executou testagem em massa em populações vulneráveis no município de Cachoeira.
Foram atendidas comunidades quilombolas da Bacia e do Vale do Iguape e populações de terreiro de matriz africana na região central do município. Foram coletadas amostras de sangue e swab nasofaríngeo de aproximadamente 600 pessoas. “As amostras foram processadas pelo IGM e os resultados encaminhados à Secretaria Municipal de Saúde daquele município para encaminhamentos cabíveis de enfrentamento à pandemia”, informa Fernando Vicentini.
Envolvimento de unidades
A implantação do Laboratório foi realizada por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar – que contempla biomédicos (responsáveis técnicos), profissionais ligados ao trabalho de campo, articulação com municípios, análises laboratoriais e tecnologia da informação.
Vicentini destacou ainda o apoio institucional da Reitoria da UFRB, e de suas pró-reitorias de Extensão (PROEXT); de Administração (PROAD), de Planejamento (PROPLAN) e de Pesquisa, Pós-graduação, Criação e Inovação (PPGCI).
O Laboratório é a base de projetos de extensão e pesquisa vocacionados ao diagnóstico precoce das infecções pelo COVID-19 ou SARS-CoV-2 em profissionais de estabelecimentos de saúde em municípios da região de abrangência da UFRB, em seus três territórios de abrangência, com atendimento de rotina para municípios da Regional de Saúde Leste, os quais estão sob jurisdição sanitária compatível com a localização do laboratório.
Uma das últimas etapas para o funcionamento do Laboratório de Diagnóstico Molecular da COVID-19 foi a habilitação oficial do órgão regulador no Estado, o Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (LACEN/BA).